23 de mai. de 2013

A CENA QUE EU GOSTARIA DE VER


A 7ª mulher mais poderosa do planeta (segundo a Forbes) e chefe do Fundo Monetário Internacional - FMI, Christine Lagarde, compareceu hoje perante a Justiça francesa para responder sobre sua participação num esquema de "cumplicidade e falsificação de documentos e desvio de fundos públicos" no montante de 560 milhões de dólares.

O caso remonta a 1993 (auge a quebradeira generalizada que deixou milhões de pessoas desempregadas, e centenas de milhares sem teto, ao Deus dará); quando o ex-jogador de futebol Bernard Tapie, apoiador do partido de Laragde e Sarcozy, o UNP, e figurinha carimbada na França por vários trambiques e evasão de tributos; vendeu sua participação na Adidas ao Credit Lyonnais. Participação essa que o Credit Lyonnais logo tratou de revender por um lucro muito maior.

Sentindo-se lesado, Tapie recorreu a seus amigos no governo. Foi quando Christine Lagarde, então ministra da Economia da França, optou por submeter o caso a uma corte privada de arbitragem ao invés de submetê-lo ao sistema Judiciário. Sem muitas delongas, a corte privada condenou o consórcio de execução (CDR), o organismo público gestor do passivo do praticamente falido Credit Lyonnais a pagar 400 mil dólares mais juros a Tapie, a título de indenização.

Lagarde sempre justificou ter optado pela arbitragem movida pelo desejo de encerrar logo um processo que seria longo e dispendioso se entregue ao Judiciário, argumentando que a escolha fora "a melhor solução no momento". Em momento algum pareceu incomodada por ter usado seu poder para que 400 milhões do orçamento francês fossem parar nos bolsos de Tapie ao mesmo tempo que seu governo forçava a aprovação de inúmeras "medidas de austeridade", visando restabelecer o equilíbrio econômico pelo enxugamento da máquina pública - o que no jargão liberal significa privatizar serviços lucrativos do governo e restringir ao mínimo os serviços não lucrativas como ações sociais, saúde, pensões e aposentadorias e educação, e por aí a fora.

Ela já havia sido inquirida sobre o caso em 2008, mas com Sarcozy ainda no governo a denúncia não prosperou. Com a eleição de Hollande, o cenário mudou. O novo Procurador-Geral do Supremo Tribunal Federal francês, Jean-Louis Nadal, reabriu o caso, acusando Lagarde de recorrer à arbitragem privada em matéria envolvendo o erário público, de ter tido conhecimento da parcialidade dos juízes e árbitros que modificaram o protocolo original para incluir a noção de dano material, permitindo assim que Tapie recebesse a milionária indenização, paga pelos cofres públicos; num esquema que, segundo o Tribunal de Justiça da República, envolve "numerosas anomalias e irregularidades".

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