31 de mai. de 2008

PINTURA DE GUERRA


Guarde bem a foto acima. O relógio da extinção começou a contar para essas pessoas e agora, apesar dos esforços da FUNAI, é só questão de tempo até que desapareçam de vez.

Diferentemente do costume, esses índios constroem suas malocas sob o abrigo das altas copas das árvores, numa tentativa de esconder sua presença dos aviões e helicópteros que sobrevoam a área (há uma rodovia a apenas 127 quilômetros dali, e Rio Branco fica a 480 quilômetros de distância). Por outro lado, repare nas pinturas: o vermelho e o preto são indicativos que eles estão preparados para a guerra. E não é por nada que lançam ao alto suas potentes flechadas: eles sabem de nossa existência e do mal que representamos por experiências anteriores e/ou relatos de sobreviventes de outras tribos. A mensagem é clara: DEIXEM-NOS EM PAZ, NÃO QUEREMOS SABER DE VOCÊS.

Não que a FUNAI vá pisar na bola (outra vez): sua política mudou desde os anos 80, em consequência do trauma gerado pelo episódio com a tribo Kranhacarore. Naquele tempo, era de entendimento da FUNAI que sua missão era "civilizar" os índios (um conceito só um pouquinho diferente da "pacificação" do Mal. Rondon); ensinando-lhes as maravilhas e benefícios da civilização ocidental. Poucos anos depois do primeiro "contato", 90% dos Kranhacarore haviam morrido, vitimados por doenças transmitidas pelo homem branco.

Se depender da FUNAI, esses índios vão ficar como estão e onde estão. Mas há um senão: a motivação da descoberta.

Em 8 de dezembro de 2007, o agricultor Domingos Neves foi encontrado morto, crivado de flechas e com um olho arrancado por seus parentes e vizinhos do pequeno Possuelo, um enclave de agricultores no meio da floresta amazônica. Ele fora a terceira vítima de uma misteriosa tribo que atacacou outros dois moradores sem deixar vestígios.

Possuelo começou a ser erguida a apenas 21 km de distância do assentamento indígena e seus habitantes passaram a desmatar para suas plantações, ao mesmo tempo que caçam e pescam para complementar o cardápio. Ao sentirem-se invadidos, os índios deram o alerta. "São 200 índios contra 30 brancos", afirma a FUNAI a certa altura.

Disso entendo que, se quisessem, esses índios podiam ter dizimado toda Possuelo num ataque relâmpago e acabado com o problema de uma vez por todas. É o que os predadores brancos fariam (como fizeram e continuam fazendo, não se engane).

Para evitar essa possibilidade, todos os 30 moradores do vilarejo de Possuelo serão relocados para outra área nos próximos dois meses.

Resta à sociedade, manter vigília constante sobre o avanço criminoso dos madeireiros e outros parasitas da amazônia que como os criminosos que são não hesitam em matar, estuprar, mutilar, embriagar e prostituir indígenas à sua passagem.

Com paciência e atenção, as malocas estão visíveis no Google Earth; assim como o avanço dos posseiros e invasores.

Faça a vigília e grite, grite bem alto ao menor sinal de aproximação: as chances de sobrevivência desses índios são inversamente proporcionais à proximidade de nossa celebrada "civilização". Seu último recurso agora é nosso olhar atento e constante.

30 de mai. de 2008

RISCO CALCULADO?

O Financial Times pergunta, e nós perguntamos também:

QUEM AVALIA AS DITAS "AGÊNCIAS DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO"?

A pergunta é pertinente, já que as ditas têm o poder de melar a economia de qualquer país a seu bel prazer e não devem explicações a ninguém.

XERIFES DO ESPAÇO AÉREO



A rapaziada acima foi treinada para uma missão muito especial: a partir de julho estarão patrulhando o espaço aéreo do aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre para impedir que outras aves coloquem em risco a segurança dos vôos.

Nossas felicitações ao anônimo autor da idéia: é uma solução inteligente e ecológica. Muito melhor que colocar atiradores de elite.

DE VOLTA A MIANMAR

A simpática junta militar de Mianmar começou a desocupação dos campos de refugiados para impedir que se tornem assentamentos permanentes.

Cada família recebe 20 bambus e algumas lonas para retornar a seu local e origem.

Nos perguntamos se os assentamentos estavam incomodando o passeio dos privilegiados em seus veículos de luxo, ou talvez, refletindo negativamente no valor de mercado de seus investimentos imobiliários nas proximidades; ou, talvez, os bairros de lona azul prejudiquem a vista, servindo como um incômodo lembrete da insensibilidade e ganância assassinas das elites locais que ainda são tocadas por uma réstia de consciência.

29 de mai. de 2008

ALFREEEDOOOOO!!!!



Uma falha inusitada quebrou a monotonia da Estação Espacial Internacional: o mitório enguiçou. E isso justo quando sete novos hóspedes estão para chegar.

Resta esperar que a Discovery chegue antes que acabe o estoque de sacos plásticos.

Aliás, já que se planeja a instalação de um segundo toilete na estação espacial, tomamos a liberdade de sugerir o modelito acima. É sofisticado, arrojado e custa a bagatela de 7.500 dólares. Nada que não caiba no generoso orçamento da NASA, afinal, com tanto milionário bricando turista espacial, o mínimo que se pode fazer é providenciar instalações à altura.

ENQUANTO ISSO, NA AMAZÔNIA...


Menos de uma semana depois de anunciar projeto que previa a remuneração dos fazendeiros por hectare de mata protegida na Amazônia, Marina Silva renunciou.

Entre os flamejantes planos de seu sucessor não vejo referência a essa que é, no mínimo, uma idéia que efetivamente pode ajudar a minimizar o problema do desmatamento.

A primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel anunciou ontem a destinação de 500 milhões de Euros até 2012 para a proteção de florestas pelo mundo. Não é tudo, mas já ajuda.

E aí, senhor ministro, vai topar?

VERGONHA


Representantes de 109 países ratificaram em Dublin tratado prevendo o banimento das bombas de fragmentação e destruição dos arsenais eventualmente em seu poder. Imediatamente após a assinatura, a Inglaterra anunciou que prepara a destruição dos arsenais em seu poder.

Em se tratando de acordos e naçõies, é claro que há os senões desse tratado: ele não impede que um país signatário faça coalisão com um não signatário, lavando as mãos sobre o uso dessas bombas. Igualmente, o proclamado "banimento" é tópico: ficam excluídas "novas gerações", com tecnologia "mais avançada" (ou seja: alegadamente "mais precisas"). Ainda assim, é melhor do que nada.

Como esperado, Estados Unidos, Russia e China sequer participaram dos encontros.

Pretextando que o foro apropriado para tal negociação seria a Convenção da ONU para Armas Convencionais (com o poderão do pleonasmo), o Brasil foi outro ausente.

Balela: o Brasil produz, exporta e estoca essa abominação. Não tem interesse comercial nesse tratado.

Digo e repito em maíusculas: VER-GO-NHA.

25 de mai. de 2008

ANTES DE COMPRAR, PENSE EM ADOTAR


Se está considerando a idéia de um mascote, visite antes o Sítio dos Bichos. Eles têm dezenas de amiguinhos felinos (como a doçurinha acima) e caninos esperando por um lar.

Sobre o Sítio dos Bichos:

Somos uma associação – por enquanto ainda informal – de pessoas que amam os animais e preocupam-se com a situação de injustiça e abandono em que eles vivem nos ambientes urbanos. Nossos objetivos são promover a adoção de animais resgatados, divulgar as idéias da guarda responsável e dos direitos animais.

NOSSA CARA


Essa vem da BBC: "Os usuários da internet estão ficando mais cruéis e egoístas, afirma o especialista em usabilidade Jakob Nielsen."

Discordo. Não é que "os usuários da internet" estejam mudando e de uma hora pra outra ficando assim ou assado. Ele poderia dizer que o perfil do usuário da internet está mudando, isso sim, porque quanto mais e populariza, mais a internet reflete exatamente a cara de nossa "civilização": de um lado uma legião se acotovelando em busca da fama e dinheiro, por outro uma legião de safados explorando a ingenuidade ou perversidade alheias e por outro uma vastidão de anônimos buscando "entretenimento" e satisfação imediatos.

É realmente triste ver a acelerada degradação da única mídia aberta que dispunhamos para a propagação do conhecimento e informações. Cada vez mais a internet serve para disseminar factóides, reinventando o óbvio e a imbecilidade. Está a um passo de substituir a televisão.

Com toda tecnologia que dispõe, o homem não passa de um primata com o toque de midas às avessas.

24 de mai. de 2008

ZEITGEIST, O FILME


ASSISTA e acorde, enquanto há tempo.

Neste blog, posto um pequeno trecho (o filme tem 122 minutos). No link http://video.google.com/videoplay?docid=-2282183016528882906, você poderá ver Zeitgeist na íntegra, em tela cheia e com legendas em português, o que é muito importante porque são tantas as informações que às vezes é preciso parar e pensar.

No final, a vida se resume à escolha entre o medo e o amor. Ninguém é tão pequeno ou impotente que não possa mais escolher.

23 de mai. de 2008

CALEIDOSCÓPIO DE SONS

Este é um Prato de Chladni.

Para fazer um Prato de Chladni, tome uma superfície metálica e lisa, areia e um oscilador com boa amplificação. Como os padrões crescem em complexidade à medida que a frequência aumenta, é recomendável acrescentar areia de vez em quando.

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES

Porque com tudo e acima de tudo, há beleza e paz.

ENQUANTO ISSO, DE VOLTA A MIANMAR...

PITBULL NO MOTOR



Deve ter sido um susto danado.

O "SENHOR" NAKAMURA



O simpatico cidadão aí acima foi capturado num telhado pela polícia de Tóquio. Todo o tempo que esteve em poder dos policiais, ele se manteve calado e casmurro. Como ninguém aparecia para reclamar o psitacídeo, os policiais decidiram entregá-lo aos cuidados de um veterinário.


"Sou o senhor Yosuke Nakamura", apresentou-se a ave ao veterinário, fornecendo em seguida seu endereço.

Gostei particularmente do "senhor".

22 de mai. de 2008

COINCIDÊNCIA?



A medida que se aproxima o fim do reinado de seu queridinho "junior", os barões do ouro negro jogam cada vez mais pesado. Não se espantem se o ano fechar com o barril a 200 dólares.

21 de mai. de 2008

SAMBA DO YANKEE DOIDO


Cá entre nós: eu já não aguento mais a CNN! É “bérac aubéma” prá cá, “hilauri” pra lá... parece campeonato, e de beisebol! – aquele jogo tão estúpido quanto incompreensível. Quanto mais ouço e vejo, mais me convenço que é isso mesmo, um campeonato com regras e árbitros nebulosos que é jogado pra torcida. Não é pra menos que existe a expressão “pra inglês ver”: um show de democracia onde, a propósito, o que menos se vê é democracia.

Quase encerradas as tais prévias (graças a Deus!), entram em cena os tais “superdelegados”, com superpoderes para invalidar o que quer que as tietes com suas bandeirinhas estreladas tenham definido em seus espetaculares festivais.

Mas quem são esses “superdelegados”? Antes de mais nada – e aí entra a grande contradição do “campeão da democracia” – os superdelegados não são eleitos por voto direto. Ser “superdelegado” é via de regra uma condição conquistada unicamente pelo status desses membros especiais do partido (ex-presidentes, ex-vice-presidentes, ex e atuais líderes regionais e outros expoentes indicados pelos comitês estaduais). Essas “eminências pardas” são autônomas em relação aos resultados das prévias (nas quais os votos que contam são os dos “delegados”, esses sim sujeitos ao crivo do eleitorado) mesmo em suas próprias regiões. Não estão sujeitos ao crivo de ninguém e não devem satisfação a ninguém sobre sua decisão de votar em A ou B.

Apesar de terem estado lá desde 1980, no pleito ora em curso as eminências pardas ganharam visibilidade por causa do impasse entre “aubéma” e “hilauri”. Deles será o voto de Minerva.

Nada mais apropriado para um país onde as eleições presidenciais não são definidas pelo voto direto, mas sim por um colégio eleitoral – quem viveu os tempos da ditadura por aqui lembra bem a sacanagem que era aquilo. Ou seja: todo o espetáculo é só isso, um show, um domingão do faustão pra engambelar redneck trouxa que ainda se dá ao trabalho de votar, porque o voto individual não vale nada, quando muito serve como uma pesquisa de opinião.

Que o digam “junior” e seus amigos texanos.

Pra saber mais sobre a verdadeira “democracia” yankee, visite o site: Citizens for True Democracy

SUBSÍDIOS EUROPEUS

... enquanto isso na Europa, os fazendeiros ganham 32 bilhões de Euros por ano pra continuar se entretendo com meio hectare de milho, algumas vacas, cabras e ovelhas e experiências com animas "exóticos" como lhamas e camelos.

AINDA SOBRE MIANMAR



Preocupada com uma possível explosão demográfica no rastro do ciclone Nargis, a ONU está providenciando o envio de 220 mil preservativos aos flagelados de Mianmar

Explicam:

"Não queremos que o acesso normal a contraceptivos seja prejudicado. No caso de situações de urgência, o sistema de saúde é afetado e as pessoas não têm acesso aos preservativos ou outros meios de prevenção" (fonte: AFP)

Enquanto não chega a ajuda humanitária, sugerimos preservativos com sabores de frutas ou chocolate.

E, por falar em Mianmar, os dados oficiais apontam mais de 77 mil mortos, quase 56 mil desaparecidos e 2,5 milhões de desabrigados. E o Banco Mundial recusa ajuda financeira, por considerar Mianmar um "mau pagador".

GATO NA REDE



Em Tirana (capital da Albânia), boa parte da população amargou um apagão de três dias causado pela tenacidade de um bichano que na persecução de sua presa favorita ignorou os avisos de PERIGO – ALTA VOLTAGEM, invadindo a área de alta tensão da estação central de energia.

Enquanto isso, em terras tupiniquins a moda dos “gatos” desce os morros e chega ao asfalto. Já tem dono de Vectra explicando ao delegado “...mas era só até acabar de pagar as prestações do carro!”

20 de mai. de 2008

MAU GOSTO


O outdoor acima provocou polêmica em Curitiba.


Não é pra menos, veja a ampliação:




O batom sugere que não é bem o que é, mas a anatomia fotografada é exatamente o que parece ser.
Pra ver mais arte urbana na capital paranaense, visite o blog plasticourbano.blogspot.com. Tem muita coisa bem mais interessante por lá.

QUESTÃO DE SOBERANIA?



Cresce junto à opinião pública dos países ditos civilizados a convicção de que uma intervenção em Mianmar se justifica pela aparente morosidade da junta militar em providenciar socorro às vítimas do ciclone Nargis.


“Morosidade” é eufemismo: o termo correto é GENOCÍDIO.


Oito dias depois da catástrofe faltam água, alimentos, agasalhos, medicamentos, tetos para abrigar os flagelados. Faltam médicos e enfermeiros. Falta esperança, nos olhos baços que se desviam dos corpos putrefatos ao colher água dos rios contaminados. O alívio dos sobreviventes do primeiro impacto é aos poucos substituído pelo terror da morte certa, lenta e dolorosa que espreita logo a seguir.


Em sua ignorância e desespero, os sobreviventes lançaram aos rios os corpos de pessoas e animais mortos nas enchentes, na esperança de que as águas os levassem. Há trechos em que a quantidade desses corpos torna inviável a navegação.


Mianmar é uma bomba-relógio pronta a explodir. Uma bomba relógio que vai disseminar cólera, tifo, desinteria, leptospirose, botulismo, malária, dengue, hepatite e meningite entre outras numa epidemia com potencial para atingir imediatamente as populações de países vizinhos como Bangladesh, Índia, Tailândia, China e Camboja; e, num segundo estágio, populações pelo mundo a fora.


Mas, afinal, quais os limites da "soberania"? Até que ponto os governos são "soberanos" para ditar a vida e a morte de seus cidadãos? A possibilidade de uma epidemia regional incontrolável justifica uma intervenção em Mianmar?


Dita o bom senso que tal possibilidade justifica sim uma intervenção imediata da ONU no país, seguida da prisão e sujeição do tal General Than Shwe a uma Corte Internacional por genocídio.


Mas que precedente estaríamos abrindo com tal iniciativa?


Não estaríamos abrindo a Caixa de Pandora, e com isso criando um precedente que mais adiante justifique, por exemplo, uma intervenção no Brasil para frear o desmatamento da Amazônia?


Não tenho resposta. Vou continuar pensando, como continuaremos todos, enquanto acompamos o desenrolar dessa tragédia anunciada do conforto de nossos sofás.

16 de mai. de 2008

A INVASÃO DAS CATURRITAS


Todo fazendeiro aqui do Sul conhece a capacidade reprodutiva e a tenacidade das nossas caturritas.

Os yankees, que até pouco tempo só conheciam o bichinho pelos livros de história natural (lá, ela é conhecida como monk paraqueet), estão começando a descobrir que além de esperta e simpática e caturrita é mais teimosa que uma mula.

Que o digam as distribuidoras de energia que já não sabem mais o que fazer pra evitar que as danadas aninhem em postes de suas instalações.

Caturritas fazem ninhos coletivos, e quanto maior a colônia, maior o ninho. Pelo que se vê aí no vídeo, as caturritas estão se dando melhor em terras yankees que os mineiros de Governador Valadares.

Pelo menos, desta vez eles não culpam o Brasil. Bem informados como sempre, atribuem à Argentina a origem dos bichinhos.

13 de mai. de 2008

CODENOME: JOLANTA



Quem olha a foto acima vê uma velhinha sapeca, com aquele sorriso de quem dançou e bebeu a noite toda, contrariando as ordens médicas.

Ou será que ela está faceira pela quantidade de pessoas implorando detalhes de sua super-secreta receita de cozido?

Não. Nada disso. A vovó aí em cima está explodindo de alegria, porque por sua iniciativa duas mil e quinhentas vidas foram salvas. Isso mesmo: DUAS MIL E QUINHENTAS. Pelo menos.

Filha de um médico socialista (coincidência?), para Irena Sendler ajudar os pobres e necessitados não era nenhum ato de bravura ou despreendimento, mas simplesmente o que se tem que fazer.

Era 1939 e a Polônia cedia à máquina nazista. Os judeus eram execrados e privados de suas posses e lançados às ruas para mendigar. Como administradora sênior no Departamento de Serviços Sociais, Irena logo identificou nessas cantinas uma possibilidade de ajudar esses milhares de pessoas. Sob sua administração, as cantinas passaram a fornecer além da comida, roupas, remédios e dinheiro. E não ficou por aí: sempre que avisada de uma iminente “inspeção”, a equipe de Irena pretextava terríveis doenças contagiosas e potencialmente letais que afastavam a milícia dos lares judeus.

1942. Era criado o gueto de Varsóvia. As cantinas ficaram vazias e Irena impossibilitada de ajudar. Muitos balançariam a cabeça e se confortariam repetindo “eu fiz o que pude”.

Irena, não. E olhe que ela tinha família, filhos e tudo o mais que usamos como desculpa pra não sair do nosso caminho cotidiano quando nos deparamos com alguma iniquidade.

Valendo-se outra vez de seu posto e qualificações, conseguiu um passe de acesso ao gueto, e com redobrada energia (porque não dizer urgência), arregaçou as mangas: pra simbolizar sua solidariedade com os judeus, envergava a malfadada braçadeira com a estrela de Davi percorrendo as vielas do gueto. Na bolsa, ao invés do batom e rímel carregava documentos falsos com os quais vingou resgatar milhares de crianças daquele horror (desculpe, mas me faltam palavras pra descrever o que foi aquilo), enviadas para lares adotivos e orfanatos por todo o país. Pensando no futuro dessas crianças, na esperança de que um dia pudessem resgatar sua verdadeira história e origens, Irena manteve o registro de cada nome trocado, que anotou em código, em folhas de papel que eram enroladas e enfiadas dentro de garrafas que enterrava no pomar de um vizinho. Desenterradas as garrafas, foram contados 2.500 nomes.

Em 20 de outubro de 1943, Irena foi presa pelos nazistas. Vendo que interrogatórios não bastavam, a Guestapo pegou pesado: Irena teve os pés e pernas quebrados – entre outras agressões - enquanto era repetidamente perguntada sobre o paradeiro das crianças e das pessoas que a ajudavam. De seus lábios nem um nome escapou. Talvez, o nome de Deus, mas esse não fazia parte das investigações já que aparentemente havia abandonado a todos.

Foi salva da execução pela ganância de um oficial que aceitou o suborno oferecido pela resistência polonesa. Passou o resto daqueles anos negros na clandestinidade, fugindo dos cães de caça nazistas.

Depois da guerra, ela desenterrou as garrafas, com a intenção de reunir as 2.500 crianças às suas famílias originais, mas o holocausto não deixara muito a reunir.

Ela foi uma heroína?

EU PODIA TER FEITO MAIS. ESSE REMORSO VAI ME SEGUIR ATÉ A MORTE.

Respondeu ao ser perguntada se se via como tal.

FUI EDUCADA NA CRENÇA DE QUE SE DEVE SALVAR AS PESSOAS, NÃO IMPORTA A RELIGIÃO OU NACIONALIDADE.

Justificou com simplicidade sua dedicação.

CADA CRIANÇA SALVA COM A MINHA AJUDA É UMA RAZÃO PARA MINHA EXISTÊNCIA NA TERRA, E NÃO UM TÍTULO HONORÍFICO.

Ontem perdemos Jolanta. Rezo que em algum lugar deste vasto mar de egoísmo e desprezo pelos dessemelhantes a estrela tenha brilhado e outra Jolanta tenha nascido, pelo bem das crianças na África, Oriente Médio, Oceania, Ásia e Américas.

12 de mai. de 2008

AINDA SOBRE TERMOELÉTRICAS


Interessantíssimo artigo do Ernani Sartori levantando uma relação entre o calor dos gases emitidos pelas termoelétricas e eventos climáticos violentos.


Mas também passa pelo risco à saúde humana que elas representam. Afirma ele a certa altura:


Nos EUA as termoelétricas são responsáveis pela emissão nacional de 75% do SO2, 35% do CO2, 22% do NOx e 40% do mercúrio, gases altamente nocivos à saúde. O SO2 e o NOx formam a chuva ácida que destrói florestas e acidifica solos e águas, bem como contribuem para a poluição de partículas finas que ativam ataques de asma e doenças de coração e pulmões. O CO2 contribui para o aquecimento global. O ozônio ao nível do solo é maléfico para pessoas com problemas respiratórios e é formado quando o NOx e compostos orgânicos voláteis reagem sob a luz do sol. O NOx também reage com amônia, umidade e outros compostos para formar partículas finas de poluição, que destroem os tecidos dos pulmões bem como está conectado a mortes prematuras. O NOx também aumenta a quantidade de nitrogênio em rios e lagos e esse excesso mata a fauna aquática. O mercúrio é uma neurotoxina letal que se deposita em rios e lagos e chega até a cadeia alimentar dos humanos.


Sobre a questão climática, que é o foco do artigo, ele chama a atenção para mudanças que já estamos enfrentando:


Na pequena região onde aconteceu o furacão Catarina e o tornado Catarina, recentemente foram instaladas várias termoelétricas que somam mais de um milhão e meio de kW. Mas, em todo o Estado de SC e norte do RS este total chega a vários milhões de kW. Os ventos e fumaças não têm alcance apenas local, mas regional e também intercontinental.

No Rio de Janeiro, recentemente foram instaladas várias termoelétricas na região de Macaé, que somam mais de um milhão e meio de kW. Sabem onde ocorreram os tornados no RJ?? Macaé!! Mas, várias outras dessas usinas, maiores do que um milhão de kW cada foram instaladas em outras localidades do Estado do Rio, sem contar as de 300, 400, 500 mil kW. E como o Estado do RJ é pequeno, as influências de todas elas sobre um determinado local são evidentes, conforme a direção dos ventos. Sem contar aquelas que ficam próximas às divisas do Estado.


Recomendo a todos a leitura desse artigo.



Se depois de ler alguém ainda continuar achando que o Brasil realmente precisa desse tipo de energia, eu prometo que vou tentar acreditar em Papai Noel.

11 de mai. de 2008

AI AI AI MEU SUSHI...




Fala-se muito sobre a questão das emissões de dióxido de carbono e em como isso é ruim e tudo o mais. Fala-se tanto, que eu fui dar uma pesquisada na questão das termoelétricas a carvão, já que logicamente por produzirem energia pela queima do carvão representam um duplo vilão nessa história; e acabei tropeçando em algo que me arrepiou os cabelos.


Tá bom, o dióxido de carbono é um filho da mãe e tudo o mais; que os yankees deviam dar um jeito de reduzir as emissões já que levam o troféu nessa corrida, etc etc etc... Pessoalmente, acho difícil que uma economia baseada em 49% na queima de carvão vegetal e que projeta ainda investir nessa forma de geração de energia pelos próximos anos tenha condições de reverter essa realidade de uma hora pra outra.

Simplesmente, não dá – ainda mais porque americano não sabe o que é poupar energia: o consumo médio anual por residência lá é 10.000KWh (no Brasil, só pra comparar é 2.160KWh, ou 4,6 vezes inferior). Portanto, sejamos realistas: vamos conviver com as termos por décadas e mais décadas até que opções sejam viáveis.


Além do mais, até países como a Alemanha, que se dizem tão naturebas estão investindo em novas termoelétricas. Devagar com o andor: os yankees podem ser cínicos, mas não são hipócritas.


Mas o que realmente me assombrou na questão das termoelétricas a carvão foram as emissões de mercúrio.


Acho que não preciso me alongar nos danos que o mercúrio faz à saúde humana, certo? Basta dizer que o mercúrio é um metal pesado. E isso nunca é uma notícia boa pra nossa saúde.


40% das emissões de mercúrio na atmosfera nos EUA são provenientes das usinas termoelétricas a carvão.


Crianças expostas in utero ao mercúrio podem sofrer retardo mental, paralisia cerebral, surdez, cegueira e disartria. Corre nos meios científicos uma discussão acalorada sobre a relação entre a incidência de casos de autismo na proximidade de usinas de carvão. Na Nova Zelândia, um estudo relacionou a contaminação por mercúrio in utero, entre outras coisas, à famigerada Síndrome do Déficit de Atenção.


Adultos sofrem mais com danos sensoriais e motores, além de problemas cardiovasculares, pressão sanguínea e problemas cardíacos. Embora ainda não conclusivos, estudos indicam uma relação entre a redução do sistema imunológico e a suscetibilidade a doenças auto-imunes e a exposição ao mercúrio.


Como se não bastasse a poluição atmosférica, o mercúrio tende a se depositar no solo, contaminando mananciais e, (aí entra meu amado sushi), peixes.


Uma em cada 12 grávidas americanas apresenta altos índices de contaminação por mercúrio, isso são 4,7 milhões de pessoas, e estima-se que 322.000 crianças irão desenvolver alguma anomalia em decorrência dessa exposição. A concentração de mercúrio se eleva proporcionalmente à ingesta de peixe: os niveis de mercúrio eram 4 vezes mais altos em mulheres que haviam ingerido peixe três vezes ou mais no período de um mês, em comparação às que não haviam comido peixe algum.


Em São Francisco uma pesquisa de um em um hospital revelou que 89% dos pacientes que comiam peixe regularmente tinham niveis elevados de mercúrio no sangue.

No Brasil, 11GWh da energia que consumimos são provenientes de termoelétricas. Desde o apagão do Fernando Henrique, tem se investido maçiçamente na construção de novas termoelétricas, em detrimento das geradoras "limpas". Se continuar assim, logo logo estaremos emparelhando com os yankees.


E aí, como é que fica? Sushi só uma vez por mês?!?



(Pra saber mais sobre o mercúrio: http://www.nescaum.org/documents/rpt031104mercury.pdf/)

8 de mai. de 2008

DEPRESSÃO



Não tem hora pra chegar, nem pra partir. Tampouco bate à porta ou pede licença: baixa como uma pegajosa cerração negra penetrando a pele, envenenando o sangue, obliterando os sentidos a toda luz, toda forma, toda cor, todo o som, toda a presença outra que ela própria.

Com voz melíflua entoa o mantra: “não tem saída, nunca vai mudar” e nessa ladainha vai desfiando a realidade na teia fétida e distorcida oferece como abrigo: “não há alternativa”, justifica.

Mentira.

Tem saída, sim: as alternativas são inúmeras porque a vida é dinâmica, é finita; e onde há finitude, há mudança.

A depressão é uma mentira. Uma alucinação.

É tratável. E, acima de tudo, superável.

Lembra o filme "Uma Mente Brilhante"? Lembra quando o personagem a certa altura conclui que aquelas pessoas eram meras alucinações e que tratando-as como tal consegue superar a maior limitação da sua doença?

Pois com a depressão a única diferença é que as alucinações não são sonoras ou visuais, mas emocionais.

Afirmo por experiência própria, por uma vida pontuada por uma dor profunda e insuportável que não guardava correlação direta com os fatos e acontecimentos da minha vida. Um bom psiquiatra me botou o dedo na moleira e me fez pensar nessa possibilidade. De primeiro resisti: o cara tinha que ser meio biléu pra vir me dizer, logo a mim a pessoa mais sofredora deste planeta, do alto da torre de marfim da minha via dolorosa que eu não passava de uma pessoa comum com sentimentos comuns e que tinha, ainda por cima, dificuldades em me valorizar, logo valorizar minhas conquistas e afetos.

Junto com a terapia, ele receitou alguns medicamentos aos quais me mostrei totalmente refratária. Primeiro, porque não gostava de como me sentia sob o efeito daquelas drogas. Na real, não gosto de como me sinto sob o efeito de droga alguma: nunca curti nada nessa linha e não consigo entender como alguém consegue. Mas enfim, os remédios não ajudavam e esgotadas as alternativas de tratamento, era superar no osso ou desistir.

Sou muito teimosa pra desistir. Aconteça o que acontecer, me recuso a perder a esperança e deixar de ver a frágil rosa branca que mesmo rigor do inverno surpreendentemente desabrocha em meu jardim; admirando a perfeição das formas, a delicadeza das pétalas e a suavidade do aroma quase imperceptível.

Aconteça o que acontecer, há vida pulsando ao redor. Vibrante, multifacetada, multicor.

Acredite ou não, a superação veio ao observar as evoluções simétricas de uma abelha em voo.

Que sentido tem a vida de uma abelha? Que grandes realizações esperar? Que mágica, que espetáculo? É uma vida de trabalho, abstinência, sacrifício e doação. Uma vida vivida no momento, sem expectativas megalomaníacas. Uma vida despida de espetáculo, mas plena em sentido e objetivos.

Quais eram as minhas expectativas? Que sentido tivera minha vida até então? Quais eram os meus objetivos?

Precisei voltar anos em minha história, recuperar cada momento em que mentalizei o desejo e lançei os dados cheia de expectativas. E daí percorrer o caminho inverso, avançando até o ponto de ruptura, quando o sonho ou foi abandonado ou se materializou em formas estranhas ao desejado.

Concluí que errara ao não incluir a dinâmica da vida em minhas equações – e isso inclui minha própria dinâmica. E vi quanta vida acontecera nas brechas das minhas obsessões; quantas alternativas e possibilidades descartara por estar cristalizada numa expectativa que já lá, no meio do caminho não cabia mais.

E ao longo de toda a jornada, lá estava ela escarnecendo, flagelando, diminuindo e obscurecendo cada pequena conquista que não fosse A VITÓRIA.

Olhei ao redor. Afora as flutuações comuns a qualquer pessoa não havia nada de essencialmente errado em minha vida. Nada do que reclamar. Tampouco nada a alardear, sibilou uma vozinha melíflua. E daí? – retruquei, enumerando em seguida tudo de positivo que pude ver em minha vida naquele momento.

Soube imediatamente que a atingira onde não tinha defesa, porque tudo que ela sabe é mentir e distorcer; é exagerar o negativo, é espezinhar e machucar jogando você para baixo mesmo quando todos ao redor gritam o contrário.

- Você é uma mentirosa... – começei a acusar, mas um clarão de entendimento cortou o fio de acusações – Você não existe! – exclamei surpreendendo a mim mesma.

Ela estourou como uma bolha de sabão, devolvendo à vida as cores que roubara. Eu vencera o primeiro round.

É o fim da história?

Claro que não. A vida é dinâmica, e a depressão é um vício. Como o alcoólatra, o depressivo tem que desenvolver as virtudes da DISCIPLINA, PERSEVERANÇA e ATENÇÃO.

DISCIPLINA, para exercitar diariamente um ritual de auto-avaliação realista e positivamente.

PERSEVERANÇA, para não abandonar esse ritual mesmo nos momentos mais difíceis.

ATENÇÃO, para detectar essa terrorista emocional no momento que ameaça se manifestar.

Sempre, mas sempre mesmo que identifico em mim um fio de pensamento depressivo, acendo os faróis, paro o que estiver fazendo e avalio o momento comparando aquele pensamento ao que realmente está acontecendo em minha vida e ao meu redor. Há proporção? É relevante? Em que tal pensamento pode me ajudar a resolver o problema, caso haja realmente um problema?

Aliás, por falar em problema, há uma frase que adotei e costumo aplicar sempre que me defronto com um:

O que não é parte da solução, é parte do problema.

Aplicando esse mantra aos pensamentos depressivos, a conclusão é obvia e invariável: eles são SEMPRE parte do problema, NUNCA da solução.

7 de mai. de 2008

CONVERSA PRA BOI DORMIR

A bola da vez é o biocombustível. Foi a idéia começar a ganhar proporções e ameaçar o cartório dos texanos que

1) de repente há falta de alimentos no mundo, e

2) o garoto de recados favorito da turma (=ONU) com toda a hipocrisia que lhe é característica já começou a alardear que o plantio destinado aos combustíveis vai ocasionar um agravamento dessa crise.

Já se fala até num agravamento da questão feminina nos países menos desenvolvidos em função desse tipo de agricultura - repare na esperteza de envolver o movimento feminista e dos direitos humanos nessa jogada. Não acredita? Leia aqui: http://www.fao.org/newsroom/en/news/2008/1000830/index.html

BAH!!!!

Quer saber o que está causando a escassez de alimentos pelo mundo a fora?

Aqui, ó:



Olho pra foto aí em cima e vejo cinco crianças africanas bem nutridas e felizes no lugar dessa coisa.

6 de mai. de 2008

AINDA SOBRE PORCOS




Finalmente registrada em vídeo, a verdade sobre o asseio dos suínos.

Obs.: a audiência está rindo de nervosa.

"DIFERENTE"




- Ela é... diferente... – o tom de voz da professora baixou para quase um sussurro enquanto as sobrancelhas perfeitamente delineadas a lápis se arqueavam sobre os olhos castanhos.

A palavra soou deslocada para mim. Aos 8 anos, entendia como diferentes um quadrado e um círculo, um cachorro e um gato, um carro e uma carroça. Isso, no entanto, não se aplicava a pessoas: em casa, na missa e até mesmo na escola fui ensinada que todas as pessoas são iguais sem excessão de sexo, cor, idade ou preferências políticas, esportivas ou sexuais.

- Somos todos iguais aos olhos de Deus. – repetia o padre nos sermões de domingo.

E eu acreditava piamente, sem excessões: dos amiginhos da rua aos ciganos, lixeiros, empregadas, carteiros, sorveteiros, amigos de meus pais... todos eram iguais.

Mas quis a professora que V fosse... diferente.

É claro que todos tínhamos há dias reparado que ela era magrinha como um fio de arame, que tinha um gênio danado e uma perna ligeiramente mais curta que a outra.

Mas, diabos... A A não era gordinha? O J não era certinho demais, quase batendo continência cada vez que era chamado? O B não era fedorento? E o que dizer do P, que vivia dando pum? Olhando um pouquinho mais de perto, todos nós éramos diferentes.

Lembro que passei o resto da aula olhando ao redor, descobrindo as peculiaridades de cada um: flagrei o C tirando meleca do nariz, olhando sorrateiramento ao redor e grudando embaixo da classe; a H fez xixi de novo nas calças (ela não tinha um rim, e esses acidentes viviam acontecendo); e a C gaguejava como a DKW da minha mãe ladeira acima...

Mas a V sentava bem retinha sempre na primeira fila, atenta, rápida e precisa levantando a mão ainda antes que a professora acabasse de perguntar enquanto o resto da classe se encolhia e olhava pros lados fazendo de conta que não estava nem ali.

Honestamente, se a V era diferente, pra mim é só porque era mais esperta que a maioria de nós.

Mas assim não pensava o resto da turma. Na verdade, acho que ninguém mais pensou no caso: simplesmente seguiram no pé da letra o que dissera a professora.

E faziam concessões.

Se a V beliscava, ninguém reclamava:

- Ela é... diferente.

Se a V furava a fila, ninguém falava:

- Ela é... diferente.

Se a V xingava, ninguém retrucava:

- Ela é... diferente.

O tempo foi passando, até a fatídica tarde em que nossos caminhos se cruzaram numa mesa de ping-pong.

- Xiripa! – gritei vitoriosa.

- Não foi! – protestou V não querendo admitir a derrota.

- Foi, sim! – insisti.

- Não foi, não, sua mentirosa! – os dentes branquinhos rosnaram pra mim.

- Retira!

- Não retiro, não: mentirosa! Mentirosa! Mentirosa!

A expressão é “deu um branco”, mas pra mim foi vermelho. E esse vermelho só se dissipou ao ver o fio da mesma cor que começava a correr pelo nariz da V, espremida no chão sob meus joelhos.

Foi uma surra e tanto.

Mas não foi na V que eu bati.

Hoje, passados quase 40 anos sei que naquela tarde, no pátio da escola essa menininha de 8 anos deu uma uma bela surra no preconceito que cria aleijões morais e emocionais; na perversão do culto à perfeição física; na hipocrisia do asco sublimado em pena que encapsula em redomas de isolamento e alienação social, condenando ao ostracismo indivíduos plenamente hábeis e capazes de compensar criativa e positivamente as limitações impostas por uma fatalidade, silenciando em cuidados seu direito primordial à igualdade.

No mais, peço desculpas à V pela surra.

Eu devia ter batido na professora.

SEM DICIONÁRIO

O número de famigerados do MST almenta a cada ano seletivo.


Talvez isso se explique porque...


Os anaufabetos nunca tiveram chance de voltar outra vez para a escola.


E tenho o dito por hoje.

5 de mai. de 2008

TODAS AS MULHERES DOS PRESIDENTES

O Brasil não teve mulheres presidentes mas várias primeiras-damas foram do sexo feminino.


Eu bem que desconfiava da dona Lucy...

4 de mai. de 2008

ABISMAL

A malária causa tesões no fígado.


É de doer...

2 de mai. de 2008

GUILHOTINANDO A HISTÓRIA

A História se divide em 4: Antiga, Média, Momentânea e Futura, a mais estudada hoje.


O Convento da Penha foi construído no céculo 16 mas só no céculo 17 foi levado definitivamente para o alto do morro.


A devassa da Inconfidência Mineira foi Marília de Dirceu, a amante de Tiradentes.


Os egípcios antigos desenvolveram a arte funerária para que os mortos pudessem viver melhor.


Péricles foi o principal ditador da democracia grega.


As múmias tinham um profundo conhecimento de anatomia.


Lavoisier foi guilhotinado por ter inventado o oxigênio.

1 de mai. de 2008

CASA NOVA

A Geografia Humana estuda o homem em que vivemos