30 de set. de 2007

PAPAGAIOS NAS PRAÇAS



Porto Alegre é interessante. Sinceramente, não é bonita. É, assim, aquela adolescente meio feinha mas simpática que a gente aprende a gostar.

Digo aprende, porque pra gostar de Porto Alegre tem que querer gostar. Tem o brique, é. Mas cá entre nós: é meio xinfrim. As "antiguidades" ou não são antigas de todo ou não passam de um amontoado de maçanetas e ferragens pra lá de usados. E o artesanato é meio que assim lá não muito artesanal, uma vez que as peças se repetem com precisão quase industrial. Mas ainda assim, tem o brique e o brique veio pra ficar. Viva o brique!

Tem também os morros e o pôr-do-sol no Guaíba - que muitos portoalegrenses gostam de apregoar de peito estufado tratar-se do mais belo do mundo. Cá entre nós, o pôr-do-sol nas savanas da África é muito, mas muito mais bonito. Pra não falar do Sahara. Mas, tudo bem, é bonito e está lá. Todos os dias, quando não chove. E como chove!

Mas sabe o que Porto Alegre tem também? Os papagaios, gente! De uns cinco anos pra cá, também temos os papagaios. São papagaios louros, não o charão que seria de se esperar já que o charão, esse papagaiozinho meia-boca de cara preta e com detalhes vermelhos é a espécie nativa daqui.

Serão fugidos? Acredito que sim, que são evadidos de cárceres privados aproveitando agora as maravilhas da vida semi-selvagem e deleitando-se com bolotas de plátano e outras frutinhas que vingam encontrar. Não gritam "louro! louro!", seus gritos mais se assemelham aos dos corvos.

Outro dia, no Nacional da Nilo vi um bando passar voando a menos de 6 metros de altura em plena tarde de sábado. Passaram gritando, um bando grande. Engraçado: ninguém se deu ao trabalho de olhar, ocupados que estavam com as compras, o jogging; em notar e serem notados (porque essa é a moral nas cercanias da Encol, não é?). Passaram, e ninguém viu. E eu ali, parada no meio do estacionamento com as mãos atulhadas de sacolas, olhando pra cima, de boca aberta, extasiada.

Tem outro bando pelo Menino Deus e cercanias. O pessoal de lá também parece que não vê.

Ia passando (coincidentemente perto de outro Nacional) pra pegar o carro no mecânico, e ouvi a gritaria. Comentei com o rapaz e ele baixou a voz para um sussurro: "Pois é, eles estão sempre por aí..."

Então aprendi outra coisa sobre Porto Alegre.

Não é que as pessoas não vejam os papagaios. Assim como não é que não reparem nas legiões de sabiás, nas corruíras, cambacidas, bem-te-vis, beija-flores, pica-paus, nos cardeais da Redenção (pois é: há cardeais na Redenção, eu mesma já ví quatro de uma sentada só). De alguma forma, o portoalegrense parece ter aprendido que a melhor relação possível entre o homem e a natureza é a ignorância. No sentido literal. Ignorar é a única maneira de preservar.

A humanidade tem o toque de Midas às avessas no que tange à natureza: onde botamos a mão a coisa desanda. O melhor mesmo é ignorar: assim talvez estejamos garantindo que essa e muitas gerações prósperas de papagaios se multipliquem nesse ecossistema que eles parecem entender melhor do que nós.

29 de set. de 2007

O QUE É "VERDADE"?



Acredito que "verdade" é a interpretação que cada um de nós faz da realidade.

Não observamos a realidade como um quadro estático, com a frieza de uma máquina fotográfica: nossos sentidos captam um evento, e nosso cérebro faz a interpretação, usando como dicionário nosso repertório vivencial/emocional.

É por isso que me assustam os "detentores da verdade". Ninguém pode se arvorar a tal condição, porque somos intrinsecamente incapazes de observar sem interpretar.

Assim, o que tomamos por "verdade" trata-se mais de fenômenos subjetivos do que eventos objetivamente comprovados.

No fim das contas, "verdade" é o sorriso da Monalisa. Pra muitos (eu inclusive) ela nem está rindo.

COISAS QUE ESPANTAM V



Desde 1° de janeiro, nós brasileiros já pagamos 664,5 BILHÕES em impostos.

Me lembra a Gal Costa cantando:

Onde está o dinheiro?
O gato comeu, o gato comeu
E ninguém viu
O gato fugiu, o gato fugiu
O seu paradeiro
Está no estrangeiro
Onde está o dinheiro?

CONSOLO



Se serve de consolo: os Estados Unidos não chegaram onde estão sem passar por onde passamos. A New York do início do século passado era tão ou mais corrupta que o Brasil dos dias de hoje.

Só estamos 100 anos atrasados!!

COISAS QUE ESPANTAM IV

Futebol. Brasileiro pára até pra olhar jogo de várzea.

COISAS QUE ESPANTAM III



Essa vem da ilha da fantasia: algum barnabé teve a brilhante idéia de criar um prêmio pra melhor sugestão de como acabar com a corrupção no Brasil.

COISAS QUE ESPANTAM II

Locutor gritando GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

COISAS QUE ESPANTAM I

- salto agulha
- pizza de brócolis
- poodle branco
- baile de debutante

Não necessariamente nessa ordem.